Todos
os dias vejo as notícias, revejo as soluções que se propõem. Quanto mais vejo,
mais quero sair do país. E é triste este fenómeno. Saber que no país onde
nasci, cresci, a minha terra, não há lugar para mim, não há futuro.
O
orçamento de estado para 2013 saiu há dias. As manifestações e as greves são
marcadas e acumulam-se. Sei que é fácil e do senso comum dizer que as propostas são más. Mas a verdade é que são mesmo. Acho a nova divisão dos escalões do
IRS absolutamente ridícula. Colocar pessoas com rendimentos tão díspares no
mesmo patamar é absurdo, e obviamente conduzirá à morte certa da classe média,
e por conseguinte a uma descida do consumo. Sem consumo, não há receita para as
empresas, o que conduzirá provavelmente a um aumento da fuga fiscal. E virá com toda a certeza mais recessão. Num país tão pequeno e agora tão pobre, a carreira
política não deveria ser vista como uma carreira superior, mas sim uma
oportunidade de fazer algo, mudar, contrariar a corrupção, os movimentos de
capital para bolsos impróprios.
Os efeitos nefastos das crises económicas do século XX, parecem-me agora algo expectável. Fome, desemprego, pobreza bem marcada. O pior é que noutras crises, as pessoas estavam habituadas a não ter tanto, os filhos tinham de comer aquilo que havia, e hoje é diferente. Ninguém está preparado para viver na pobreza absoluta. Pensar nisso é assustador.
Hoje sei que a europa é uma fachada. O que outrora vi com expectativa, hoje vejo como algo
morto. Não há sentido de união. Há jogos de interesse, há uma Alemanha cada vez
mais implacável, há uma chanceler que quer o poder da Europa por inteiro, o
domínio completo das dividas, dos rumos dos países.
Há
anos que “apertamos o cinto”, mas havia ainda a esperança de algo mudar. Hoje
há medo. Medo que tudo se afunde de vez.