domingo, 13 de fevereiro de 2011

A casa estava vazia. Ouvia-se apenas o barulho do relógio. O baque seco das horas, sempre a passarem, sempre. A lembrar que ninguém as pode parar, mesmo que os dedos segurem os ponteiros, ninguém as pode parar. Mesmo que todos os relógios do mundo parem ao mesmo tempo, por falta de pilhas. Ninguém as pode parar.
No sofá a ouvir as horas, o mesmo corpo de sempre, a olhar o vazio. O mesmo corpo, gasto pelas horas, gasto pelo mundo, farto de viver. Oitenta e sete anos sempre a viver. Sem pausas, porque ninguém pode parar, mesmo estando parado, mesmo vivendo parado. O mundo movia-se por ela. Ela viveu, porque o mundo se movia.
O que me resta, pensou ela. Há tantas coisas que gostava de fazer, há tantas coisas que gostava de ver. Queria saltar para a rua, e dançar até os pés me doerem, queria ver as pirâmides do Egipto, queria comer algodão doce, queria fotografar sorrisos durante um dia inteiro, queria brincar com todas as crianças do parque, queria andar de bicicleta até chegar a Lisboa, queria ir comer um croissant a Paris, queria aprender a falar francês, queria ler todos os clássicos da literatura, queria escrever à máquina, queria aprender a navegar na Internet, queria...eu queria, eu quero. Levantou-se do sofá, olhou o relógio. Faltavam-lhe as forças. Eu queria mudar o mundo, queria que o mundo soubesse quem eu sou. Mas mesmo quem aparece nas revistas, quem passa a vida a mudar o mundo, é esquecido. Tudo passa, como as horas. Levantou-se do sofá, olhou o relógio. Eu quero, eu queria.

A homossexualidade é mesmo genética

Hoje fui surpreendida e surpreendi. Fui surpreendida pelos meus dois gatos, o Egas e o Chico, e surpreendi-os a fazerem o amor em plena sala, à luz do dia. Já tinha ouvido falar de moscas homossexuais, mas nunca pensei que iria testemunhar a homossexualidade animal em minha casa. Eis a prova de que realmente a homossexualidade é mesmo genética!
Ainda bem para os meus gatos, que moram numa casa de pessoas com mente aberta, se não já teriam sido abandonados e fechados no armário.






Observação: Será que da próxima vez os vou apanhar a dançar os Village People?:P