sexta-feira, 19 de outubro de 2012

2013

Nos tempos que correm, a crise é a palavra de ordem, e há dias pensei que tenho vivido numa época de reviravoltas. Assisti à entrada do Euro, a algumas guerras, e agora assisto provavelmente à maior crise económica de sempre.
Todos os dias vejo as notícias, revejo as soluções que se propõem. Quanto mais vejo, mais quero sair do país. E é triste este fenómeno. Saber que no país onde nasci, cresci, a minha terra, não há lugar para mim, não há futuro.
O orçamento de estado para 2013 saiu há dias. As manifestações e as greves são marcadas e acumulam-se. Sei que é fácil e do senso comum dizer que as propostas são más. Mas a verdade é que são mesmo. Acho a nova divisão dos escalões do IRS absolutamente ridícula. Colocar pessoas com rendimentos tão díspares no mesmo patamar é absurdo, e obviamente conduzirá à morte certa da classe média, e por conseguinte a uma descida do consumo. Sem consumo, não há receita para as empresas, o que conduzirá provavelmente a um aumento da fuga fiscal. E virá com toda a certeza mais recessão. Num país tão pequeno e agora tão pobre, a carreira política não deveria ser vista como uma carreira superior, mas sim uma oportunidade de fazer algo, mudar, contrariar a corrupção, os movimentos de capital para bolsos impróprios.
Os efeitos nefastos das crises económicas do século XX, parecem-me agora algo expectável. Fome, desemprego, pobreza bem marcada. O pior é que noutras crises, as pessoas estavam habituadas a não ter tanto, os filhos tinham de comer aquilo que havia, e hoje é diferente. Ninguém está preparado para viver na pobreza absoluta. Pensar nisso é assustador.
Hoje sei que a europa é uma fachada. O que outrora vi com expectativa, hoje vejo como algo morto. Não há sentido de união. Há jogos de interesse, há uma Alemanha cada vez mais implacável, há uma chanceler que quer o poder da Europa por inteiro, o domínio completo das dividas, dos rumos dos países.
Há anos que “apertamos o cinto”, mas havia ainda a esperança de algo mudar. Hoje há medo. Medo que tudo se afunde de vez.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Os velhos vão destruir o estado social?

Efectivamente é com medo e espanto que vejo os dados estatísticos de 2011. Existem 129 idosos para 100 jovens, e a perspectiva é que em 2060 existam 271 idosos para 100 jovens. É assustador. Portugal é o quinto país mais envelhecido, o que significa que a população activa é muito pouca, e os que dependem dessa população são muitos. Acredito que isso a longo prazo represente um problema para o estado social, podendo este vir a sofrer alterações muito graves. Um dos problemas que me angustia mais, é que a população que é activa actualmente fique sem pensões, o que pode conduzir a um caos social que nem é bom imaginar. Ninguém está preparado para isto. Ninguém que trabalha durante 30 anos, uma vida, está preparado para viver a velhice sem reforma. E é isso que vai acontecer. Qual é a solução? Para mim, aumentar a população activa, o emprego, a produção.
Neste momento era importante discutir estes dados estatísticos de forma muito séria, para construir políticas de apoio à natalidade (que neste momento é das mais baixas de sempre), promover a imigração e não a emigração, promover cada vez mais a exportação e políticas de aproveitamento do vasto território agrícola português,e tentar implementar medidas que fizessem de Portugal um sítio aprazível para abrir grandes negócios. Enfim, colocar Portugal na real rota de crescimento económico.
Em vez disso parece que todos querem ver o estado social morrer.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Da crise e da insensatez



Não sei se é da crise que põe as pessoas insensatas, mas quase todos os dias existem declarações algo desvairadas. Foi o caso deste sábado que passou, em que António Borges disse que as medidas da TSU apoiadas pelo governo eram inteligentes e que os empresários que se revoltaram contra estas medidas eram uns ignorantes.
Bem, na minha humilde opinião este senhor é um banana. Primeiro porque (supostamente) percebe de finanças e economia e ao apoiar o governo nesta decisão da TSU, revela que provavelmente a teoria que aprendeu nunca foi aplicada em casos reais. Ignorar os efeitos económicos destas medidas da TSU na população é muito grave. Dizer que é uma medida com pernas para andar é de ignorante. Desde perda de poder de compra, reduções astronómicas do rendimento familiar em pessoas já endividadas, perda de competitividade, instabilidade social…há tanto que podia correr mal.
Para além de apoiar este tipo de medidas e ser extremamente arrogante, foi de facto estúpido pensar que as declarações dele não teriam repercussões quando as disse precisamente num fórum empresarial. Isto foi quase como chocalhar uma colmeia inteira de abelhas e pensar que sairia incólume. Toda esta história lembra-me que sim podemos ter direito a ter opiniões e a discuti-las em público, mas quando se é um consultor do governo é esperado que tenha outro tipo de postura. E lembra-me mais uma vez que em Portugal reina a política de impunidade absoluta. Em tudo. Desde o mais baixo cargo até ao mais alto, a incompetência e a insolência são premiadas com cargos políticos.
Atendendo ao facto de que este senhor irá ajudar o governo com os processos de privatizações, só posso dizer que tenho medo, muito medo.

Recomeçar

Já há muito que não escrevo aqui. Não percebo porque é que parei. Não que tenha parado de escrever, de pensar no que me rodeia. Nunca. Mas talvez me tenha afogado um pouco na corrente de coisas, de uma vida que vai passando, e comecei a escrever para mim, e a comentar e a discutir com outros sem ser aqui. Apercebi-me durante este tempo que me fez falta. E com tudo o que se passou e se tem passado nos últimos tempos no país não posso e não quero ficar quieta e calada. Nem que ninguém veja, nem que ninguém me ouça, preciso de escrever, contar aqui. Para mais tarde voltar e recordar o que escrevi, coisas sobre o país e o mundo, histórias de rir e chorar, coisas parvas sem sentido. Está na hora de recomeçar.