quarta-feira, 24 de junho de 2009

E depois do São João...


O são João é uma época festiva muito engraçada. Há pessoas que andam pelas ruas a dar com os martelos de borracha na cabeça das pessoas, fazendo aquele chiar terrível. Há pessoas que ficam em casa a fazer uma patuscada com os amigos. E há pessoas que ainda dentro deste grupo, lançam foguetes pensando que são profissionais com experiência na matéria, e quando dão por ela, a girândola de foguetes com desenhos chineses duvidosos já tombou para o lado, e os foguetes já saltaram disparados para os vizinhos da frente. Vizinhos esses, que ficam com cabelos chamuscados, pernas ligeiramente estufadas e em estado de choque, e com um visível condicionamento ao barulho dos foguetes, escondendo-se dentro de casa. E meus amigos, acreditem ou não, há pessoas que festejam o São João assim! Depois há pessoas que ficam no quarto a estudar, enquanto do outro lado da casa, as pessoas ouvem músicas brasileiras do sertão. E isso parecendo que não entristece uma pessoa. E essa pessoa que tenta estudar, coloca tampões nos ouvidos, e tenta enganar-se pensando que lá fora ninguém está a divertir-se. No fim da noite, essa pessoa percebe que não vai conseguir estudar tudo para quinta-feira e que não quer fazer figura idiota na frequência e decide que vai a exame, e que tudo foi em vão.
O São João é de facto uma época festiva extremamente engraçada.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A originalidade das questões

Estava eu a estudar sossegadamente possíveis questões para um exame, quando nisto deparo-me com uma questão de verdadeiro ou falso:

"A acupunctura, como é implícito no nome, consiste na colocação de paus a arder sobre áreas do corpo."

Ora isto parecendo que não, é um tratamento verdadeiramente espectacular!Isto pode de facto aleijar um bocadinho. Uma queimadura de terceiro grau ali ou aqui, mas como terapia alternativa para o tratamento de dor e stress upa upa é daqui! Se pensavam que a acupunctura tinha a ver com agulhinhas, estão muito bem enganados!Isso é para meninos...é logo paus a arder, mesmo assim à valente! Tudo isto só para dizer que a formulação de perguntas por parte dos professores, é uma coisa muito curiosa. E aparecem pérolas assim.

sábado, 13 de junho de 2009

Não sei como é que todos os pedaços se podem unir. Não sei se os deixo estar assim ou se espero que a mãe chegue. Vou colá-la. E eu bem tento colar as peças de louça, sem contudo achar que estou a fazer realmente bem. A mãe chega das compras de domingo. O dia está quente e a mãe tira o calçado afogueado pelas horas. Eu fico a assistir ao ritual. O calçado junto à porta, alinhado com as tiras de madeira que se estendem até mim, as compras ao lado do gato preto, que mia sem saber miar. A mãe pega no avental de pano a cheirar a lavado e fica a olhar para mim. Fizeste das tuas que eu sei, diz ela com um sorriso breve. Oh mãe, a jarrinha das flores partiu-se. Não sei como aconteceu, mas não fui eu mãe, eu juro, eu juro. A mãe não acredita em mim. Dobra a sua altura pelos joelhos, até chegar à minha. Os olhos dela ficam colados nos meus, mas não me dizem o que eu procurava saber. Ela acha que fui eu que parti a jarrinha das flores, a mãe acha isso. Pego-lhe na mão e sem pensar muito, levo-a aos pedacinhos partidos com a decisão no passo. Vês? A jarrinha partiu e não fui eu. Os soluços ficam presos na garganta, eu não queria que se tivesse partido. Eu não queria. Desculpas-me mãe? A mãe olha a jarrinha partida que antes era tão bonita. Era uma jarrinha pequena que a avó lhe tinha dado e tinha flores perfeitinhas pintadas. A mãe chorou muito. E eu chorei também. Mãe, desculpas-me? Desculpa. Não precisas de pedir desculpa, eu sei que não foste tu. Lembro-me que ficamos todo o dia à procura das peças de louça que encaixavam umas nas outras, num puzzle silencioso e feito com calma. Foram horas que pareceram anos e minutos que pareceram meses. E depois o pai chegou, e o tio Abel, e a tia Teresa e o primo Carlos. E eles olharam a jarrinha das flores como se fosse nova. E eu ri-me muito, ri-me muito muito como criança que era. E abracei a mãe, e abracei o pai e brinquei muito com o primo Carlos nesse dia. Jogamos à bola e ele mostrou-me os cromos que tinha coleccionado. Lembro-me que a mãe fez bolo de iogurte de morango, mas soube-me a bolo de chocolate, porque a tia Teresa quis-lhe pôr chocolate aos bocadinhos. Lembro-me que o pai e o tio Abel beberam vinho na mesa de jantar, e salpicaram a toalha de mesa branca com vinho que parecia sangue. A mãe não gostou e ralhou com o pai e com o tio Abel. Mas depois ficou tudo bem. Eu sei que ficou.

domingo, 7 de junho de 2009

Aqui fica uma música que só os Radiohead sabem fazer. Simplesmente bonita.

Eh pa, mas já alguém ouviu falar em votos em branco?Porquê abstenção...
A abstenção não resolve nada. Os votos em branco são revolta. A abstenção é apenas cagar de alto para isto.
Mas claro, todos exercem o poder de voto como querem...fica apenas a sugestão.

Tenho frio mãe.

Quero puxar o ontem, em busca do amanhã.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Hoje estava em Campanhã a ouvir música, à espera, mas ao mesmo tempo a observar tudo e todos. E que bem que me soube. Há tantas pessoas, pessoas que o são de tantas formas.
Passado algum tempo da minha chegada ao banco, vejo à minha frente dois homens de mãos dadas. O rapaz ao lado olha a primeira vez, olha a segunda. Quase que ouço os olhos a acompanhar o casal, quase que ouço os pensamentos dele: "Espera, dois homens, homens, não mulher e homem." Eu também os acompanho com o olhar, mas livre de preconceitos. Sim, são dois homens. Não há nada de mal com o amor, e há tudo na maneira como eles se afirmam perante os olhares.

Porque os meus gatos são os mais bonitos






Serralves em festa

Neste último fim-de-semana, Serralves esteve em festa. Foi com muita pena minha que não fui a Serralves de tarde, ver os concertos que por lá passaram, as danças, os teatros e principalmente as exposições. Exposições essas que abarcavam obras desde os anos 70 até à actualidade, e que iam ser apresentados ao público pela primeira vez. Uma pena mesmo. De Serralves em festa só fica a noite, um concerto, as pessoas e as suas conversas e o deambular pelos caminhos com uma réstia de luz. À noite realmente tudo é diferente, e em Serralves tudo parece ser diferente, mais fascinante. Aqui ficam umas fotos mal amanhadas. Que venha a 7ª Edição!

O concerto que vi e ouvi foi dos Certain Ratio. Eu gravei algumas partes, mas devido à grandeza do ficheiro, não posso pôr aqui o vídeo, mas aconselho o myspace deles. Vale a pena!
Esta semana questionei-me sobre o meu aspecto. Acho que não tinha consciência que tinha um ar tão doente. O cerne do problema prende-se com o facto de ter sido um professor e não um colega, um familiar a dizer-me. É que lá está, se ele o disse, disse de facto a sério. Aqui fica o diálogo, que foi mais ou menos assim:

- Eh pa, tu és realmente branca.
- Pois de facto sou.
- Tu não apanhas sol?
- Apanho. Só que eu não fico morena como as outras pessoas.
- Então podes utilizar essa característica para o circo: "Sofia, a rapariga que apanha sol e não fica morena".
- (Silêncio)
- Mas olha lá, agora mesmo a sério, tu metes-me impressão de tão branquinha que és.
- Ah, obrigadissima professor.
Do outro lado ouve-se: - É a branca de neve.
- Olha, tu tens anemia?Chega aqui para eu avaliar se realmente estás anémica.

Eu permaneço no meu lugar, com uma lágrima no canto do olho, a sentir-me simplesmente mal com toda a minha cor pálida e doentia, e prometo a mim mesma que este verão irei ficar com uma cor de pessoa saudável.