domingo, 26 de abril de 2009


Todos se lembram como foi. E os que não estavam lá perguntam: como foi?
O brilho nos olhos, o orgulho de estar lá e presenciar a viragem da história de um povo não é para todos. Aliás e digo mais, o brilho nos olhos e o orgulho talvez não seja sentido por todos. A liberdade é hoje um bem adquirido como comer. Não nos atrevemos a pensar sequer como seria não ser livre, como seria passar a fome da pobreza do povo. Não se pensa mais nisso. E a juventude vai perdendo o espírito revolucionário dos jovens que marcaram o vinte e cinco de Abril. A juventude de agora, preocupa-se mais com os bens materiais adquiridos com a abertura de Portugal ao mundo, do que com a abertura de Portugal. Este dia vai ficando para os livros de história, como a época dos descobrimentos ficou neles. Como um acontecimento longínquo, que marca a coragem longínqua dos portugueses. E ficamos a pensar que os tempos são outros, que naquela altura era preciso ter essa coragem. Hoje os tempos são outros. Mas não são. Os tempos são iguais, as pessoas fazem exactamente as mesmas coisas, só que mais diplomaticamente e a brincar às escondidinhas.
Vamos recordar o dia sempre. Vamos alimentar o que de mais belo e único temos na nossa história e na do mundo.


Fotografia de Victor Valente. Lisboa, 25 de Abril de 1974.

Um comentário:

Tigremia disse...

Gostei da tua maneira de ver as coisas. Há um desinteresse muito grande, pela maioria dos jovens, no que se refere ao significado do 25 de Abril. Eu tenho o privilégio de ter virado um novo século e de ter vivido esses dias.