segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

As horas trocam-me o corpo, deixam-no sem eira nem beira. Estou nisto, neste estado de sítio, neste estado de mente presa nos sons. Os sons. Molho os lábios com a língua, descobri-a há pouco tempo. Que sentido faz não saber que as coisas existem se não as sentirmos. Sinto-a agora. Sei que a língua me molha os lábios, prendo os lábios na língua e os dentes nos lábios. A boca sabe-me aos teus dedos. Cuspiste-lhes as palavras e deste-mos a provar. Sabem-te. Sabem à tua saliva de palavras nobres. Eloquência de palavras, emoção pura entre os homens. Que outro cheiro?Que outro cheiro...Não o sei ter, não sei se o tenho...eu sei que não o tenho. Digo que não sei só para sentir as entranhas a borbulhar de emoção. Pudesse eu ter e seria um louco sem freios. Ter ainda que por breves segundos das horas que me trocam, que me tocam. Leva-me de mim que eu já não sei ser.
As horas trocam-me os sentidos, o meu sentido de ser, de existir...existir na minha essência, nas horas que me trocam, nos anos que me faltam. Seria um louco sem freios.

Nenhum comentário: