sexta-feira, 24 de julho de 2009

A noite lá fora torna-se mais fria, por tardar e ser ao mesmo tempo cedo. Quem me dera o corpo de uma mulher e as entranhas quentes. Sinto-me o mesmo homem de há algum tempo. Um pouco solitário, um pouco triste. Agora compreendo que estava acompanhado de muitas mulheres e ao mesmo tempo só. Nenhuma me tirou a solidão interna, aquela que se agarra à alma e tarda a passar. As palavras eram parcas de sentido, nexo e sem conexão com o amor. O amor esse gajo. Esse gajo. Ora vem e volta como uma entrada e saída de um qualquer tasco. E nós nunca sabemos quando é que ele fica para mais um copo, numa mesa qualquer. É escorregadio. Um dia convidei uma mulher bonita para um copo, tal como convidaria o amor se o gajo fosse mesmo gajo no sentido real da coisa. Era uma mulher capaz de me tirar a solidão. Ela disse que vinha e não veio. E eu esperei. Esperei quatro vezes por ela. E ela deixou-me na mesa sozinho com o meu amor sentado na cadeira em frente. Tanto olhei o meu amor, que o fui conhecendo em vez da mulher que esperei. E ele pareceu-me diferente. Pareceu-me tão meu e ao mesmo tempo de todo o mundo. Pareceu-me tão meu, que preferi guardá-lo um pouco em vez de esperar na mesa para mais um copo.

3 comentários:

Cão disse...

Ela não te deixou sozinho, ela estava num caos quando tu a convidaste...haja compreensão para com essa mulher...haja compreensão...mas não há...

Jorge disse...

às vezes, é enquanto se espera um amor, que outro aparece. e se ao início tentámos ignorar, depois vemos que se calhar os impulsos eram mesmo esses. A vida tem que continuar, e se ela te deixou, convida outra para um copo (ou dois) e conhece-a.

Cão disse...

Só que ela não a deixou...mas se convidar outra, que seja bem vinda, a vida é curta e ninguém é de ninguém...