My generation

As experiências com putos são reveladoras. E são reveladoras, porque percebemos algumas coisas que nunca antes tínhamos percebido. Ao fim de umas quantas quintas-feiras percebi que estou velha. E não percebi isso porque os putos me tratam por "stôra", ou porque se riem de mim nas minhas costas. Não, não foi por isso. Até porque a minha figura pequena com sapatilhas de criança, não impõe respeito a ninguém. Percebi então que estou velha, porque simplesmente não me revejo neles em nada, nada de nada. Com doze anos não dizia que queria "comer o Angélico" (até porque tenho melhor gosto), nem tinha namorado sequer. Não tinha hi5, nem tinha fotografias sedutoras. Não respondia aos professores e tinha medo quando eles me diziam que se me portasse mal, ia ter um recadinho para os meus pais assinarem. Não ia a discotecas, e muito menos inventava que tinha visto uma professora bêbada, em cima do balcão de uma discoteca, a dançar tectonic. Não pensava em embebedar-me, nem fumar umas ganzas, até porque não sabia o que isso era.
Percebi agora que as gerações mudam, estão sempre a mudar. E isto até parece mesmo uma coisa de velhota saudosista! Mas pensando bem nas coisas, com doze anos a minha felicidade estava num pacote de gomas da lojinha, num capri sonne do bar da escola, nas caçadinhas do amor e no jogo do bate pé (em que um beijinho na cara de um rapaz era algo muito louco).
Há uma nostalgia no ar...e lembrei-me desta bela bela música, que não é da minha geração, mas gostava que fosse...