segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O céu e a terra. O céu e a terra, eles sim percebem de homens, eu cá não sei de nada sobre isso. Tal como uma pessoa que assiste a um acidente, mas não percebe como ele sucedeu, assim sou eu em relação aos homens. Os homens com agá grande, escrevendo-os eu com agá pequeno, porque são pessoas, não são deuses. Nos homens existem inscritas vontades incompreensíveis, acções inomináveis, descontroladas. Ditos e mais ditos que se escapulam da boca para fora, e caem nos ouvidos de quem for rápido a captar. Eu não percebo nada. Ou sou néscia, insapiente ou não vivo na terra, nem perto do céu. Vivo num momento que criei e fiz dele meu. Vivo nesse momento, como quem vive na terra e no céu, feito homem. Não sou nada. Nem homem sou. Sou alguma coisa. Que quereis que faça? Penso nisto, não sei explicar. Se não sabes explicar dá meia volta sobre ti, rodopia nos calcanhares e sai. Não és bem-vinda cá. Eu sei que não sou. Percebesse ao menos eu de como são os homens feitos, e cobria-me da sua mixórdia. Sobrevivia na terra.