sábado, 22 de agosto de 2009

Vens acordar-me hoje. Segues o teu caminho com os pés no chão e a cabeça no ar, e ris baixinho para não me acordar já. Ris com aquele sorriso de criança inocente e doce, e eu gosto de o ver a cruzar as linhas da tua pele. E eu já acordei. Senti um odor no ar, um odor a roupa lavada e pele morena...talvez algo mais…sem dúvida mais. Há sempre algo mais que não consigo saber, mas mais não consigo dizer porque é a ti que te cheiro. A complexidade dos teus cheiros e a simplicidade com que os capto e guardo é intrigante, e eu sei quando te sinto no ar, quando chegas de manhã e me acordas tão bem. Dizes-me que está na hora de acordar e eu acordo, mas antes deixo o corpo ficar preso ao colchão mais um pouco, e estico os braços, estico as pernas na esperança de chegar onde quero, onde pertenço. Mas hoje é diferente. Vens acordar-me, e eu sinto-te ainda antes de entrares nos meus lençóis, ainda antes de vagueares nos meus sonhos. Sinto-te, porque hoje eu acordei com o meu próprio despertador. Com o despertador e com as palavras que bateram de encontro a mim, numa pancada seca no meio do peito. Acordei das madrugadas impensáveis que passei a pensar no incerto. E não há nada de certo neste acordar, mas as culpas e os pecados são menores. Vens acordar-me hoje com o teu sorriso de criança e ris baixinho para mim, e eu abro os olhos para te ver e digo-te que já acordei...está na altura de me levantar.

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